ISONOMIA SALARIAL

Enquanto aguardava ser atendido em uma empresa privada de médio porte fui até a copa para tomar água. Lá encontrei um pequeno grupo de funcionários, provavelmente em horário de trabalho, conversando. Enquanto ali estive fatalmente ouvi a conversa que girava em torno da necessidade de melhorias das condições de trabalho e da forma adotada pela empresa para concessão de ganhos salariais a seus funcionários. Em tom inflamado teciam comentários e severas críticas principalmente quanto ao critério diferenciado para os últimos aumentos salariais promulgados. Defendiam um aumento em iguais proporções a todo corpo funcional.
O fato me incitou a uma reflexão sobre essa prática, a da isonomia, que é defendida tão veementemente pela maioria dos sindicatos e amplamente difundida entre os trabalhadores. Sob minha ótica este é um discurso meramente corporativo que não só contempla os profissionais exemplares. Ele leva consigo um grande número de funcionários acomodados, medíocres, incompetentes. A isonomia me parecer ser mais que um discurso retrógado, é um grande ato de injustiça para com os bons.
Em qualquer que seja a classe trabalhista, a simples busca por ganhos salariais igualitários não contempla os ideais de uma empresa, e muito menos contribui para a evolução profissional de seus funcionários. Ela estimula os acomodados, contempla os incompetentes e corrompe os bons.
A produtividade com qualidade só pode ser alcançada através da concessão de estímulos aos bons e eficientes diferenciando-os dos demais. Para tal devem ser criados mecanismos de aferição do desempenho de todo corpo funcional, sejam eles nas empresas privadas ou públicas. Avaliações criteriosas e objetivas podem servir como norte para a aplicação de uma política de melhoria salarial mais justa. Além de tudo deve disponibilizar aos eficientes, dedicados e capazes, o crescimento da formação técnica através de cursos e treinamentos específicos.
Com esses estímulos crescem os bons, estimula-se os acomodados e despreparados e eliminam-se os aproveitadores incompetentes. Ganham todos, inclusive o funcionalismo.

Paulo Alencar