quarta-feira, 1 de abril de 2009

A LEI DA (DES)VANTAGEM


Por Paulo Alencar

Um sonho, um objetivo profissional ou qualquer que seja a meta traçada em nossa vida, para ser alcançada com o sucesso esperado, é necessário algum sacrifício. Talvez perder algumas noites de sono, abdicar de algumas baladas em finais de semana ou relegar o namoro a um plano secundário pode até fazer parte desse trajeto rumo à realização. Ou seja, para se obter êxito na vida é imprescindível empenho, obstinação e muito trabalho.
Da mesma forma, o trabalho produtivo, aquele em que pode se auferir lucros sem o prejuízo de outrem, é parte dessa trajetória. Um trabalho honesto, ético, moral e em pleno respeito ao direito de nossos semelhantes. Sem o trabalho honesto, para se ganhar, é óbvio que alguém sairá perdendo. E para justificar as desonestidades entra em cena a famosa Lei da Vantagem, aquela em que o tirar proveito da situação é o objetivo maior, não importa a quem vai se atingir.
O pior é quando a gente percebe que no Brasil é assim, "o importante é levar vantagem em tudo". (Lei da Vantagem ou de Gérson...). O que vemos é mais gente se vangloriando de guardar o troco a mais recebido no caixa do supermercado, de penetrar em meio da fila do banco ou do cinema, de bater num carro parado e sair rápido antes que alguém perceba, de arrancar as páginas dos livros das bibliotecas públicas. A cada dia ouvimos quem propale como vantagem que trocou o voto por empregos ou cestas básicas ou ainda que divulgou realizações políticas que nunca foram feitas. Enfim, o que mais ouvimos são brasileiros que decantam suas estripulias em que tiraram proveito de outrem e ainda se colocam na condição de inteligentes e espertos. No meu entendimento essa é a lógica da perpetuação da irracionalidade, da indecência, da desonestidade. O prejuízo de terceiros acaba recaindo sobre os próprios sabichões. É pura burrice.
Felizmente há os descontentes, os lutadores, os sonhadores, os que querem manter o sol aceso, brilhando e no alto. E que esses descontentes possam disseminar a decência, senso de coletividade, compreenção e respeito por si e pelos outros. E que a nova geração, ainda não contaminada pelo vício dos que chamam desonestidades flagrantes de espertezas técnicas, possam aceitar o sacrifício da honestidade para galgar o patamar do sucesso.

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