Por A. C. Arrais
Num dos artigos anteriores falamos de nossa nova experiência de ir a pé ou andar de ônibus, rumo a um determinado destino. Assinalamos algumas observações a respeito de fatores negativos que, sem o querermos, interferem em nosso humor quotidiano. Hoje vamos falar sobre disponibilidade de tempo. Sim! Porque para sairmos caminhando ou para andarmos de ônibus, precisamos da magia da disponibilidade de tempo. Como é maravilhoso você sair de casa sem a pressa ou a preocupação de chegar logo a algum lugar! Gente... descobri essa magia! A disponibilidade de tempo é uma indispensável bênção para se alcançar o prazer da felicidade. Você anda, caminha, o tempo passa enquanto você vai apreciando os fluídos e acontecimentos de tudo o que te "arrudeia", como fala a minha querida vizinha analfabeta. E a viagem de ônibus então!!! Quanta riqueza de situações e curiosidades! Você aproveita o sinal fechado, atravessa a rua e entra logo no primeiro ônibus que já está ali, parado, à sua espera. É! Você pensa assim: Ele está ali me esperando... E passa, espertamente, pela traseira do coletivo. Neste breve momento, você acelerou um pouco mais na travessia da rua, mas só para evitar algum irresponsável troglodita do volante. Uma vez dentro do ônibus, você sossega e volta ao seu normal de pura tranqüilidade. mesmo que você perceba que tomou o ônibus errado ao chegar à próxima esquina em que o coletivo dobrou à direita. Já foi! Aconteceu! Agora relaxe, respire fundo e pense positivo: Puxa vida! Não era este o ônibus que eu queria, mas não faz mal! Vou conhecer este outro itinerário! E passe a observar, novas paisagens, novas caras, novas situações. Você percebeu aquele passageiro afobado, todo nervoso, que também errou de ônibus e tratou de saltar logo na primeira parada? Pois é... quanta adrenalina que nosso desconhecido cidadão, destilou! E você? Tranqüilo, relaxado, sentado em seu assento reservado, vivendo novos instantâneos de eterno aprendizado! Agora que observou mais um pedaço de novas coisas e situações, está na hora de descer e tomar outro ônibus de volta ao lugar inicial. É lógico que tudo isto é possível porque você idoso, não paga passagem. Vamos ter clareza da realidade! Retomado o destino certo, façamos uso da visão para observar cada gesto e cada movimento das pessoas à nossa volta. As paisagens e o ambiente das ruas e calçadas por onde o nosso coletivo transita! Quanta situação imprevisível e curiosa! Vamos aproveitar nossa audição, lógico, de forma disfarçada mas atenta. Quanta conversa tola, inocente, curiosa e engraçada, ao nosso redor! Uma prima de alguém, teve criança e ninguém sabia que ela tava grávida. Uma tal de vizinha teve caso sério com o visinho da frente e a muié deste encheu a outra de porrada, a mor de pará no pronto socorro. Tia Bastiana sabe, aquela que vorta e meia parecia lá por casa, morreu de mar ruim... Gente! Mesmo que não queira, você acaba sendo obrigado a escutar as conversas que vão se desenrolando bem ali acima de sua cabeça, quando sentado... e tudo isto, às vezes com alguém falando e comendo amendoim fazendo você de lixeira das casquinhas do minúsculo petisco. Apesar de um ou outro acidente de percurso, suportável, é fantástico todo este mundo novo e surpreendente, do linguajar da gente simples desta terra, tão importante e presente no filme do cotidiano, de quem se propõe a ser um eterno observador. Isto é possível, sim senhor! Porém, somente com a incrível magia da disponibilidade do tempo.
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