segunda-feira, 18 de maio de 2009

MARÉ ALTA – 17.05.2009
Arico Siarra


BRINCADEIRINHA
Quando jovem - tempos de ginásio de então – os mais interessados na língua pátria costumavam praticar um passatempo muito salutar ao enriquecimento do nosso vocabulário: um sorteado do grupo pronunciava uma palavra que contivesse alguns sinônimos (pelo menos dois). Cada um que acertasse um sinônimo ganhava 10 pontos. Se algum jovem do grupo falasse um vocábulo e ninguém soubesse nenhum sinônimo, o autor do produto da língua, ganhava 20 pontos. Antes era definido pelos participantes um montante de pontos a ser atingido. Quaisquer dúvidas eram esclarecidas com o dicionário. Com isto nós enriquecíamos nosso vocabulário e aprendíamos a presteza e o hábito do manuseio do dicionário

COMO É MARAVILHOSO O TEMPO
Com o passar do tempo fomos tomando conhecimento de outras formas derivadas ou reciprocamente resultantes deste tipo de passatempo, tais como palavras análogas, palavras derivadas (sempre substantivos, nunca verbos) etc. etc.

AS LEMBRANÇAS DO TEMPO
Tais recordações tem povoado nossa mente com tal freqüência que se tornaram um incômodo permanente a perturbar nosso humor cotidiano e a empobrecer nosso senso de cidadania. É tal a repetição de certo vocábulo, a cada notícia ouvida no rádio ou na televisão, em revistas de todo o tipo de circulação, nas dezenas de jornais editados em todas as partes do país, que começa a nos
preocupar a vergonha de nossas condições como seres humanos que só são capazes de viver grupalmente, tal o desespero de uma conivência consentida pela omissão, pela impotência de uma reação contundente, pela certeza da ineficácia do gasto de tanto papel, tinta, microfones e tempo.

CORRUPÇÃO, CORRUPÇÃO, CORRUPÇÃO, CORRUP... CORR... CO...C...
É aqui que entra aquele passatempo de outrora. Imagine-se neste momento, um grupo de cidadãos iniciando uma brincadeira daquelas e o sorteado apresentando, para identificação de sinônimos, o vocábulo CORRUPTO. Na certa, o cidadão proponente da palavra teria garantido seus 20 pontos, posto que os sinônimos manifestados não seriam encontrados no dicionário utilizado! Você caro leitor qual o sinônimo que atribuiria? Senador? Deputado? Governador? Prefeito? Vereador?

PASSAGENS E JATINHOS
Senadores e Deputados vivem uma babilônia de uso de passagens aéreas e fretamento de jatinhos gastando perdulariamente o dinheiro público... a grana que nos é arrancada através de impostos. É distribuição de passagens para tudo quanto é lado, concedido para viagens familiares, para parentes, para vizinhos, amigos, cabos eleitorais, empregados e recomendados. Até ex-Senadores e Deputados como o ex-presidente do DEM, continuam se utilizando dessa veniaga. A palavra probidade, dignidade, vergonha nem lhes passa pela cabeça! A mídia noticia, comenta, bate durante algum tempo, depois silencia. E nós vamos engolindo tudo isso digerindo, defecando ou vomitando e fim! Nada acontece como conseqüência!
Ah, não! Estamos sendo injustos. Os nossos representantes lá em Brasília já estão extinguindo todas essas mordomias... vão adicionar os respectivos valores aos seus minguados salários! Aliás, isso já foi feito em outras oportunidades.

PERPLEXIDADE
E enquanto a caravana continua passando e os cães latindo (já nem os escutamos), nada. Santo Deus! Onde está o Poder Judiciário! Nada de condenação? Nada de devolução do dinheiro roubado? Os Deputados vão continuar construindo castelos, com o nosso dinheiro? Vão continuar a se lixar com a opinião pública? E a mídia? Publica, apregoa, comenta, enterra e fim! Temos noticiário de como estão nossos ex-deputados expulsos da Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas? Certamente na miséria... Pobres injustiçados! Tiveram que devolver tudo o que sugaram da nossa grana. Que fim mais miserável... Muito lastimável... Não!?

E MARECHAL DEODORO COMO ANDA?
Por aqui tá tudo sossegado! Operação gabiru, nada! Desvio de vinte e sete milhões do ex-prefeito, nada! Desvio de verba da merenda escolar, nada! Transparência do recebimento de Royaltyes dos poços de petróleo da Petrobrás existentes no município, nada. Prestação de contas da última gestão do executivo, nada! Prestação de contas da gestão da vice, nada! Julgamento e condenação – ou absolvição – dos vereadores da última gestão, por absorção indevida de todo o duodécimo destinado à câmara, nada!
E nós cidadãos... Povo continuamos aquietados, sossegados, como se tudo isso fosse normal! Também pudera! Eu tô pagano...

Nenhum comentário: