quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

SOMOS OS PALHAÇOS

Paulo Alencar

Um palhaço tem o poder de divertir todas as pessoas, independente de idade ou sexo. E rir de um bom número circense pode ser terapêutico ajudando na superação de depressões, angústias, tristezas agudas ou crônicas. Conta-se que um médico de uma pequena cidade costumava indicar aos seus pacientes, com sintomas desta ordem, um bom espetáculo com palhaços com o qual obtinha excelentes resultados. Um dia, porém, um morador desconhecido, tomado de profunda depressão, procurou este doutor e, diante de sua costumeira indicação proferiu: “de nada adiantará, doutor, pois este é o meu problema... eu sou o palhaço!”.
Este fato me fez refletir sobre minhas atividades nos últimos tempos, junto a alguns companheiros de Marechal Deodoro. Vimos procurando dedicar uma parcela de nossas vidas para construir um novo conceito social, uma nova consciência política em meio aos conterrâneos deodorenses, como indicação para minorar os efeitos maléficos da corrupção. Há anos que nos empenhamos em disseminar entre os eleitores deodorenses uma visão mais ética e coerente para os procedimentos dos homens públicos. Nada mais digno e gratificante. Entretanto, de minha parte, tenho sentido um profundo vazio, uma verdadeira depressão, pois não tenho vislumbrado resultados positivos com relação a essas atividades. Acredito que não estou só nesse sentimento, porque é evidente que, mesmo depois de toda nossa luta, percebemos o povo se acostumando às iniqüidades, à devassidão, à verdadeira putrefação que impera no meio político. Percebemos que nossos irmãos não estão somente se acostumado, como também assimilado todo o enlameado processo político eletivo vigente, justo o principal alvo de nossa luta. A única coisa que parece importar é o quanto cada um vai lucrar, não tendo o menor significado quem vai pagar essa conta e nem se alguém vai ser lesado nesse processo. O que mais nos deixa numa profunda tristeza é ainda testemunharmos alguns se regozijarem de atos desonestos que se espraiam englobando outras atividades corriqueiras.
Essa realidade é que nos faz assemelhados à história do palhaço. Nós, que buscávamos incutir alguns conceitos morais e éticos como forma de superação dos males que assolam essa população, que ainda se ilude com as migalhas da corrupção, passamos a ser considerados otários, idiotas ou frustrados por não termos atingido alguma ambição política. É uma total inversão dos valores.
E, como o palhaço, que por se sentir incompetente por não atingir seu objetivo de minorar os efeitos dos males da depressão de seus conterrâneos entrou em depressão e buscou ajuda no médico que o indicava como a solução para remediá-los, procuramos também ajuda. Mas, onde poderemos encontrar este médico?

domingo, 11 de janeiro de 2009

A NOVA ERA DE DEODORO


A POSSE
Muita gente se fez presente na posse do novo prefeito de Marechal Deodoro. O Espaço Cultural foi irrisório para caber o grande número de convidados de Cristiano Matheus e Dr. Fifi. Marcada para as 16 horas, a cerimônia só teve início às 17:30 quando os últimos novos vereadores chegaram.


A COMPOSIÇÃO DA MESA
Sob a direção do vereador Neilson Costa, a mesa foi composta por Valter Cabeção (também vereador recém eleito) no papel de secretário, Padre Miguel, pároco do município, pelo Deputado Estadual Jéferson Morais, Desembargador Washington Luiz, Milena Freitas, prefeita de Piranhas e noiva de Matheus, e pelo Juiz Léo Denisson.


AS FALAS
Todos os oradores elogiaram e desejaram sucesso ao prefeito eleito. O Dr. Léo Denisson delineou ainda a postura que deve ser adotada pelo homem público em colocar os interesses da comunidade acima de tudo, relembrando que o mandato do prefeito e dos vereadores pertence ao povo. Por sua vez, o Des. Washington Luiz afirmou que, passada a campanha, deve ser desarmado o palanque e ser cultivada a união em prol do progresso do município. Adiantou ainda que Cristiano não irá administrar para ele e sim para o povo. O Dep.Jeferson Morais profetizou que o povo não irá se arrepender de ter eleito Cristiano, pois sabe de seus propósitos por conhecê-lo de perto.


OS ELEITOS
Enquanto Fifi afirmou que o povo suplicava por mudanças e que o desafio era administrar para o progresso e não um balcão de negócios, Cristiano Matheus lembrou que não era filho natural de MD, mas se considerava um filho adotivo, pelo carinho e apoio que recebeu dos deodorenses durante a campanha.


A NOVA DIRETORIA
Já demonstrando o poder de fogo do novo prefeito, a mesa diretora da Câmara de Vereadores afinal foi composta por seus candidatos, ficando como presidente o Vereador Neilson Costa e Valter Cabeção no cargo de primeiro secretário. O resultado da eleição da mesa diretora da Câmara contrariou os interesses do político veterano em MD, Dr. Fifi (vice de Matheus), que apostava na eleição de sua candidata Doxinha. A nova mesa teve a maioria absoluta dos votos dos seguidores do prefeito. O resultado foi desenhado depois de ter sido travada uma verdadeira batalha nos bastidores, incluindo ameaças de cassação de um vereador que contrariou os interesses e as diretrizes partidárias.


TOTAL RENOVAÇÃO
Foi quase unânime a renovação da Câmara deodorense. Apenas uma vereadora, Doxinha, foi reeleita. Um outro, Valter Cabeção, já havia sido vereador, mas estava sem mandato. Os sete restantes são marinheiros de primeira viagem e com pouca bagagem política. Para muitos deodorenses este fato é prenúncio de uma Câmara de “catengas”. Mesmo assim especulando, esperam que isto não venha acontecer e que os edis cumpram com fidelidade o seu papel de representantes do povo e de reais e eficientes fiscais do prefeito.


O EXECUTIVO
A prefeitura parece vai ser mesmo administrada por “forasteiros”, fato que já vinha ocorrendo desde a gestão anterior. Apesar das críticas de grande parte da população por este fato, a grande maioria dos assessores diretos do prefeito tem histórico de competência e idoneidade, o que pode ser um sinalizador de boa administração. Um maestro, por mais brilhante que seja, só terá êxito se os músicos de sua orquestra forem capacitados para seus instrumentos.


EXCESSO DE PROCURADORES
Outro comentário já toma conta da cidade tomando um tom de chacota – o excesso de procuradores nomeados: onze (11) ao todo. “É muita gente procurando!... resta saber se realmente irão encontrar alguns desmando que porventura venha acontecer na nova administração pública”.


O PRIMEIRO ESCALÃO
A começar pelo Chefe de Gabinete, foi nomeado Rogério de Gusmão; na Séc. de Planejamento e Desenvolvimento Urbano continua o Arquiteto Modesto Cajueiro; Marcelo Santos fica na Séc. de Infra-estrutura; a Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Tecnologia ficará sob o comando de Carlos Moura Leal; Marçal Fortes fica na Séc. de Administração e interinamente na Assistência Social; Carlos Carvalho Rodas (Caca) estará a frente das Finanças do município; Álvaro Otávio Vieira Machado responderá pela Educação; Dr. Fifi pela Saúde e seu filho André Barros da Silva pelo Esporte. Estão sendo esperados ainda Douglas Apratto para a Cultura, Patrícia Sampaio para o Turismo Sergio Hercílio Tenório para a Agricultura, Zeila Fortes para a Assistência Social.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

FATOS & FUTRIKAS -

Relembrando as Eleições
Muitas foram as futricas que circularam nas mais altas rodas politiqueiras das esquinas, bares e botequins, antes, durante e depois das eleições. Até nos dias atuais o assunto ainda é motivo de comentário e altas discussões entre os mais abalizados analistas da terrinha. Diante do recesso deste jornaleco (parece que por pura preguiça de seus editores) só agora poderemos levar ao conhecimento de muitos esses bochichos.

Os concorrentes
Dos aproximadamente 14 pleiteantes para a mais alta cadeira do município, restaram apenas quatro – e que ainda muita gente achou que foi muito... ou muito pouco se a base de julgamento fosse a qualidade.

Quem eram eles?

JL - De início o mais querido do povão, o vaidoso e persistente João Lima não poderia deixar de ser mais uma vez candidato. Não fosse sua costumeira postura política camaleônica de propostas inconsistentes, certamente teria tido mais apoio político (pois ainda detinha o popular) e poderia concorrer com mais desenvoltura. Seu vice, homem honrado, mas com pequeno potencial para uma disputa majoritária, não teve o necessário respaldo para agregar valores à campanha.
JUNIOR - De início bem mais cotado, seria o sucessor natural da atual administração. Junior Dâmaso, jovem de pouca experiência política, mas filho de pessoas dignas e aparentando boa vontade para acertar, prometia um bom desempenho não fosse ter sido indicado por DD, o aliado que se tornou o maior cabo eleitoral de seus adversários pela história enlameada que deixou profundas marcas na vida do deodorense. Seu vice, figura carimbada da política deodorense, é muito querido, mas ainda carrega a fama de farrista reduzindo muito o seu potencial de fogo para ajudar o primo.
MATHEUS - Tido como forasteiro e demonstrando não ter conhecimento da vida e da história deodorense, contou com seu grande trunfo - a participação quase diária em programas populares de TV que o fez conhecido e admirado. Cristiano, não tendo grupo político em Deodoro, teve que fazer alianças políticas de última hora para viabilizar sua campanha. O prestígio conquistado na TV e sua decantada beleza física o fizeram o prefeito das moçoilas. Aliado a tudo isso, uma campanha organizada e aguerrida empreendendo uma postura bastante popular, superou a rejeição a seu vice e o fez prefeito.
EUCLYDES - O quarto candidato, Euclydes, mesmo não sendo deodorense, já tinha conhecimento de alguns problemas da terrinha por circular com certa freqüência em visita a sua propriedade. A experiência política, por já ter exercido cargos eletivos até em São Paulo e por ser primo do ex-presidente Collor, o credenciava também como um dos favoritos, não fosse a pecha de arrogância e desorganização atribuída à coordenação de campanha. Por outro lado menosprezou o poder de barganha de seus adversários que colocaram por terra seus planos de prestação de serviços públicos antecipados e uma vultosa verba de campanha.

O QUE ESPERAR

Do vencedor da corrida a Prefeitura, Cristiano Matheus, não se pode afirmar muita coisa. A sua inexperiência como administrador público não permite uma previsão do que pode vir a ser sua atuação como prefeito. Pouco se sabe de concreto de seus assessores, pois mesmo dos que se comentam terem sido convidados não há confirmação de aceitação. O que se pode avalizar é que pelos nomes comentados demonstra uma intenção de que a equipe seja da mais alta qualidade. Um comentário pode ser ouvido em uníssono, mesmo incluindo os mais retraídos dos munícipes: com o fim da era Dâmaso a probabilidade de um período de real progresso para o município é grande, mesmo sem experiência administrativa.

DESAGREGAÇÃO
O que não pode (ou deve) acontecer é que, mesmo antes de começar, já exista discórdia na cúpula do próximo governo. A futricada já anda futricando sobre uma quebra de braços entre prefeito e vice. Mas ao final, segundo dizem ter dito Matheus, a caneta está mesmo na mão de quem pode e aí, tudo acaba em pizza.

ORDEM NA CASA
Parece que vai dar uma trabalheira danada para a nova administração de MD por ordem na casa. Os últimos dias dos Dâmasos, segundo a futricada, foram para maquiar os ditos “desmandos” e os "equívocos" na aplicação do erário. Transição... o que é isso? Segundo dizem alguns auxiliares mais diretos do novo prefeito, já andam pensando em contratar um vidente para descobrir o que vinha sendo feito e o que pode ser dado continuidade.

RESSACA

Por Paulo Alencar

Estou passando momentos acometido de uma terrível sensação que me deixa prostrado. Um estado de desânimo que me induz a não querer sequer sair da casca do ovo. Algo bem pior que o dia seguinte a uma avantajada carraspana. Algo que aflora em mim com um misto de decepção, desilusão, desencantamento e até certo ponto raiva. Já fiz de tudo para melhorar. Tentei incluir na minha rotina outras atividades. Pensei até adotar um rumo diferente para minha vida. Mas essa sensação que mais se assemelha a uma ressaca das brabas insiste em não me abandonar.
Para e eliminar um efeito nada melhor que atacar a causa, dizem. Daí eu passar a buscar o motivo que me conduziu a essa situação? E, depois de muito investigar a origem de tudo cheguei a uma simples conclusão: eu acreditei em Papai Noel. Fui mais além, acreditei também no Saci Pererê, no Curumim, Boto Cor de Rosa... É frustrante, mas acreditei com atroz intensidade que teríamos um processo eleitoral limpo, ou pelo menos com um baixo índice de corrupção. Acreditei mais uma vez na veracidade ou eficácia das mensagens embutidas numa exaustiva e dispendiosa propaganda patrocinada pela nossa justiça eleitoral. Caí no conto daquele alarmante pacote de medidas para reprimir as fraudes eleitorais, principalmente as tão propaladas compras de votos. Daí me sentir até agora tonto, doído, nauseado, numa reação a qual poderia intitular de ressaca eleitoral.
Nunca vi em minha vida política - seja como mero eleitor, candidato, ou simplesmente envolvido em alguma campanha de candidatos que me despertassem algum sentimento de confiabilidade, seriedade ou capacidade para a vida pública - um processo eleitoral onde o dinheiro falasse tão alto. Ameaçaram-se punições de toda sorte aos corruptores e corruptíveis. O que mais se ouvia era sobre a eficiente e séria presença da Polícia Federal. Falaram-se inclusive que haveria prisões de políticos e, pasmem, de eleitores. E o que se viu? É dispensável citar.
Todos tiveram conhecimento dos fatos e dos procedimentos onde a frase mais entoada foi - “eu ajudo a quem me ajudar”. Para ser mais claro – “vendo o meu voto”. E aqueles que dispuseram do farto meio para suprir a dolosa ganância dos eleitores, salvo raras exceções, se deram bem. Em outras palavras: os desprezíveis valores políticos continuaram, e até se proliferaram, baseados nas mais inconfessáveis artimanhas, para não se denominar, roubalheira. Políticos e eleitores, quase todos em uníssono e embalados pelas mesmas ondas da corrupção auspiciadas pelas vendas da justiça.
E para quem acreditou que algo poderia ter mudado para melhor não seria mais que justificável uma ressaca como esta?